Outro obstáculo inicial à compreensão do Sadô tem a ver com a imagem anterior que se tem do próprio chá, sobretudo num contexto inglesado. Fala-se muito do "chá das cinco", em alusão ou comparação com os costumes e tradições ingleses, seguidos também por uma certa camada de portugueses mais ou menos aristocratas ou jet-setianos. Por outro lado, há muito quem refira, e tal já aconteceu no Café das Ciências Sociais, que o que determinada pessoa precisa é de beber muito chá, numa alusão pretensamente esclarecida (e altiva) de que essa pessoa é um bruto, rude, mal-educado, etc. Tudo isto advém dessa visão de fleuma britânica do "Tea", que não tem propriamente correspondência na verdadeira Arte do Chá.
Curiosamente quem introduziu o chá e o hábito de o consumir assiduamente na corte inglesa foi uma princesa portuguesa, Catarina de Bragança, entretanto casada com o rei Carlos II de Inglaterra. A nossa princesa ensinou os ingleses não só a beber chá mas também a comer com garfo e a usar louça de porcelana, entre outras coisas. Desgraçadamente não conseguiu ensinar-lhes com sucesso a dizer a palavra chá, coisa que ainda hoje não sabem.
De resto, o chá, oriundo da China, trazido pelos portugueses via Macau (Mares da China) e holandeses (via Java) para a Europa, depressa se espalhou por todo o Mundo e é hoje (a seguir à água propriamente dita) a bebida mais consumida no planeta. A sua importância tem sido tal que até já funcionou como Moeda (chá convenientemente prensado) (!).
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