segunda-feira, 31 de maio de 2010

Contar até 10...

Mesmo não se falando a língua japonesa (nihon-go) é por vezes conveniente saber contar até 10, porque essa contagem é muito usada nos dôjo e em algumas situações de convívio com pessoas japonesas.
Deve no entanto referir-se que esta forma de contar, a seguir exposta, se refere somente ao contar abstracto, matemático, que serve para usar na ginástica (contando por exemplo abdominais) e artes marciais mas não serve para contar pessoas, objectos, realidades, etc. Estar apto a contar qualquer tipo de coisa já não é tão acessível, exigindo um nível razoável de domínio da língua.

Contagem Abstracta:

0 - Zero (zérô); Rei (...rei)
1 - Ichi (itchi)
2 - Ni
3 - San
4 - Shi (chi); Yon (ión)
5 - Go (gô)
6 - Roku (rôku)
7 - Shichi (chitchi); Nana (nána)
8 - Hachi (hátchi)
9 - Ku; Kyu (kiu)
10 - Ju

Como se pode verificar, alguns numerais apresentam mais que uma forma de dizer, o que permite escolher para evitar confusão de dicção, ao dizer por exemplo o número do nosso telefone ou as horas.
Exemplo: 7 horas --- shichi-ji ,  poderá dizer-se nana-ji, com sílabas mais perceptíveis.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

O Significado da Palavra "Oss"

Muitos portugueses praticantes de artes marciais já se habituaram ao uso de "Oss" (おす, Osu) dentro e nas "imediações" dos Dôjo. Porém, verifica-se amiúde que a maior parte não sabe o seu significado. E é natural que não saibam porque na realidade ele não vem expresso nos jisho (dicionários) e não existe também um significado formal e padronizado para essa palavra/expressão derivada do calão militar. Convém entretanto advertir os seus utilizadores, habituados a usar esse termo no ambiente de treino, para não o fazerem no âmbito da sociedade civil, no caso de irem ao Japão ou de receberem cá visitantes japoneses.
No Japão, é normal um aluno ser expulso da sala de aula duma universidade se responder ao professor com "oss" (por vezes diz-se "uss") por tal ser considerado manifesta má-educação. O nosso budoka ficaria perplexo perante tal situação, habituado que está a saudar o mestre com "oss"... rs.
O problemas é que a expressão "oss" só é aceitável (no Japão), e até incentivado o seu uso, em ambientes de dôjo, ginásios desportivos e afins, isto é, em ambientes em que o praticante tem mais que fazer do que estar a tertuliar. Então usa "osu" como cumprimento, como sinal de compreensão da matéria explicada, para pedir para se retirar, etc.. Num ambiente como o universitário contudo tal não é admissível porque o que se espera do aluno é que converse, que use a dialéctica da palavra, e não um acabrunhado ou exaltado "oss". KI O TSUKETE (tenham cuidado!)
Até já se produziu uma lenda (...) que reza que essa expressão deriva do português. Não esquecer que no início dos contactos do Ocidente com o Oriente, depois do desembarque dos portugueses em Tanegashima, os japoneses adoptaram umas centenas largas de vocábulos derivados do português. Actualmente mantêm-se activos algumas dezenas, tendo aumentado entretanto o número de anglicismos. Mas ainda se diz "sarada" (alface), "conpeito" (confeito), "kasutera" (pão-de-ló; claras em castelo), "bitero" (vidro), etc. Diz-se (mt conveniente/) que quando os Nanban (bárbaros do Sul), os portugueses, começaram a desembarcar em Tanegashima, os locais se puseram à cata, a espreitar, a ver o comportamento desses bárbaros.
Quer fosse prá vinhaça, ou pra qualquer outro conforto, os portugueses terão começado a desembarcar barris, baús e artes diversas, sendo tal mister executado em certo ponto por dois homens, mais ou menos dobrados pela carga, e que com o esforço berravam qualquer coisa como "oss". Os Nippon terão ficado a conjecturar entre eles o significado desse ruído, desse dizer. Uns aventaram a hipótese de ser uma saudação, um cumprimento, uma vez que os nanban se curvavam ao dizê-lo... outros argumentavam que devia querer dizer bom dia ou boa noite, de acordo com a posição do Sol... outros ainda achavam antes que o bárbaro mais novo agradecia um conselho do mais velho... e assim sucessivamente. Segundo esta ancestral explicação do significado de "oss", ainda não se terá chegado a um consenso semântico.
Também se usa "oss" em certos rituais dos Yakusa... e é linguagem comum na rua entre os marginais e grupos de crime organizado, estando curiosamente relacionado com respeito, disciplina e obediência.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Kancho Kanazawa - O mito verdadeiro

Com quase 80 anos, esteve mais uma vez entre nós, no Porto, o grande mestre de karate (SKI)  Kancho Hirokazu Kanazawa. Continua a demonstrar-nos que a arte marcial não tem idades, que isso é apenas um mero pormenor físico. Fica-se sem palavras quando se está perante um verdadeiro mestre, com tanto conhecimento acumulado e aparente modéstia. Arigatô O-Sensei!

Kancho Kanazawa, como já tem sido habitual, fez-se acompanhar do seu filho Sensei Nobuaki Kanazawa

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Contos Zen - As Enguias

Certo dia o venerável mestre Hogen, acompanhado de um discípulo, deslocava-se a pé para uma visita a um mosteiro de outra localidade, quando calhou de passarem por uma aldeia piscatória onde alguém fritava peixe. " Que rico cheiro a enguias fritas!" disse o monge. O discípulo escutou aquilo e ficou perplexo com o que lhe parecia uma flagrante contradição. Manteve-se no entanto em silêncio, seguindo os passos do mestre, ruminando na incoerente ideia do peixe frito... e isto durante alguns quilómetros. a Certa altura, já numa outra aldeia, não se conteve mais e exclamou: "Mas mestre!... Nós somos vegetarianos!!!"
O monge Hogen estacou o caminhar e dirigiu-se ao jovem questionando: "Afinal de que estás a falar?!... Hum, não me digas que ainda é do peixe frito?! Estavam boas as enguias!... mas eu deixeia-as lá... Será que tu ainda as trazes contigo?!!!

O sabor do Sal...

O sal é um gosto... constituído por sódio e cloro... venenosos quando isolados ... e quando juntos em excesso. NaCl. É lindo, mesmo quando ligeiramente toldado de vermelho, como acontece no Tibete... mas esse é dado ao gado. Sal e açucar têm quase a mesma cor, quando lavados pelo refinamento... Branco, ausência de pigmentos coloridos e no entanto a soma de todas as cores luminosas.
Sal (e açucar), só quero um pouco, uma pitada. Deixem que seja eu a escolher, a medir a pitada... doutro modo, não quero o sal (nem o açucar)!...