O chá usado no ritual Cha-no-Yu é verde mas em pó, com uma textura macia, muito semelhante a pó-de-talco... e, obviamente, a bela coloração verde. O aroma que o macha (mátchá) desprende é mais intenso que o das saquetas de chá verde usadas comummente em sociedade, sendo notório o hálito natural da verdura e do solo donde provém.
Numa demonstração que fiz numa escola básica, junto dos professores, funcionários e encarregados de educação, um participante exclamou que o chá lhe sabia a palha (...), o que, apesar da moderação e sobriedade comportamental típicas da Cerimónia do Chá, se revelou hilariante para quem o presenciou. Contudo, apreciei a frontalidade e humildade do participante ao extravasar a que lhe parecia saber a beberagem, pelo pendor natural de que se revestia, e numa experiência em que até já tem havido quem diga que o sabor se parece mais com peixe ou mesmo sopa...
De qualquer modo, é sempre bom interiorizar que, em termos da Arte do Chá (Sadô), o mais importante não é o sabor material da bebida que serve de suporte ao ritual... mas o que tal representa em termos de contentamento interior, de construção dum EU diferente e, sobretudo, da serenidade, relativamente a tudo o que nos rodeie.
Sen-no-Rikyu, nunca é demais recordá-lo, numa atitude de aparente simplicidade e desapego absoluto das interacções sociais, dizia que celebrar o chá, a arte do mesmo, se bastava pela quase fervura da água (Mizu), à qual se juntavam algumas folhas de camellia sinensis...
Mizu no Kokoro...
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