Como utensílios fundamentais da cerimónia do chá (cha-no-yu) temos a chávena (chawan) e o batedor (chasen)... o barro e o bambu... em peças únicas, que tacteamos, sentimos, manueamos... e nos habituamos a integrar no nosso ser.
Essa integração acontece no acto de praticar o chá (sadô) como num kata de artes marciais (budô) ou qualquer outra arte imbuída de mente zen...
Na arte do tiro com arco e flecha (kyudô) o objectivo não é acertar no centro do alvo... mas, gradativa e serenamente, fazer a integração do nosso corpo com o arco e a flecha... e daí com o alvo. Quando a flecha finalmente partir irá fundir-se com o alvo, e nós também. É o conceito de Ai-Uchi. Ai poderia traduzir-se literalmente por Amor e Uchi por Casa ou Interior. Ai-Uchi significa fundirmo-nos com o que aparentemente nos é adverso. Só com essa fusão podemos percepcionar e sentir o outro e compreendê-lo... e, nomeadamente, perceber as suas intenções...
O Caminho do Chá é isso... é a compreensão serena do que nos rodeia... e do que nos preenche... àparte a fantasia competitiva, o vício de nos iludirmos com a vaidade e a arrogância, a falsa modéstia ou a hipocrisia. É um caminho de fusão... mas de serenidade e apreciação da beleza e do conforto das coisas simples.
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