O momento é de objectiva crise. Já não é de agora e não atinge a todos da mesma maneira. Para alguns até poderá ser libertador, descobrirem-se quase de repente desasfixiados da oxidação resultanto do dinheiro a mais... embora a maior parte dos que tinham muito dinheiro o continuem a ter, hiperbolado.
Tenho pra mim que o dinheiro, a riqueza, é como a água... não diminui a quantidade geral mas sim a potável... e o dinheiro, como dizia Luther King, existe a menos no bolso de uns na medida em que existe a mais no bolso de outros.
O problema não é a falta de dinheiro ou riqueza, ou de comida, mas a muito má distribuição. Indiferentes, insensíveis, aos sacrifícios dos pobres e honrados, dos pequenos empresários, o grande e corrupto capital, a besta imunda e desumana, continua a espalhar a discórdia, a fome, a guerra e a insegurança entre as gentes honestas.
Cientes de que pouco podemos fazer para controlar o monstro, resta-nos mantermo-nos fieis aos princípios duma vivência honesta e cívica, a dizer NÃO à besta, sobretudo quando quer argumentar ser representativa pelo selo do nosso voto... e praticar a serenidade com a natureza e o chá.
Quando digo chá, não me refiro a uma bebida ou maneirismo orientados pelo relógio, em salões sociais mais ou menos doirados, com sumptuosidade e pontuação de outras excrescências da burguesia capitalista ou em ânsias de o ser. Digo chá na interioridade de Sen no Rikuy (O-Sensei), da contemplação harmoniosa das coisas simples, usando como suporte a infusão de camélia sinensis, a apreciação da moderada quentura e o seu reflexo dialéctico no nosso corpo construído e personalizado, aferido de acordo com normas, princípios e aceitação cósmica. Valorizaremos muito mais uma brisa a modelar o trajecto do vapor do chá que a pseudo-verdade das crises fabricadas na América e noutros leitos do demónio verdadeiro... Gasshô.
S.O.