sexta-feira, 21 de outubro de 2011

O manuseamento do Fukusa

Fukusa para homem


Muito mais que um lenço de seda, o fukusa (fucussá), é um instrumento de purificação.É com esse sentido primeiro que deve ser encarado. Só depois, muito depois, se evidencia importante o conhecimento e aprimoramento técnico do seu manuseio.
Manuseamento de fukusa feminino
O chá, macha (mátchá), deve ser purificado com a limpeza pelo fukusa, essencialmente pela fricção ritual feita sobre o receptáculo onde se encontra o referido pó verde... bem como pela limpeza (igualmente ritual e técnica) do chasen (chássém), a "colher" de bambu.
De salientar que, em termos de etiqueta, só as praticantes (mulheres) podem usar o fukusa de qualquer cor, inclusive com vistosos desenhos. Os praticantes masculinos devem usar sempre a cor roxa.
Em rigor, este utensílio cerimonial não deve ser lavado... mas simplesmente sacudido, a fim de se libertar da coloração esverdeada do pó (chá) que a ele adere pela limpeza (purificação) do chasen

Yamada Hisashi, Mestre da Arte do Chá

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

A harmonia do caminho...

No universo das artes marciais orientais, nomeadamente nipónicas, o praticante depara-se com diversos caminhos, vias, estilos, de onde provêm os vocábulos michi (mitchi, o mesmo que dô, doo, dou... caminho) e kai (escola, estilo).
Podemos simplificar e, num contexto de análise da tensão corporal, considerar essa miríade de caminhos divididos em duas grandes vias: os estilos líquidos (ou internos) que baseiam toda a prática na descontracção, considerando o corpo humano semelhante à água (mizu)... e os estilos sólidos (ou externos) que usam constantemente técnicas e movimentos bastante contraídos, como se a constituição física do oponente (em combate) devesse ser encarada como uma pedra ou pedaço de madeira.
Lao-Tseu, fundador do Taoismo
Como é típico das abordagens dialécticas (perspectiva Yin-Yang), dificilmente encontramos os exemplos puros expostos, sendo que a maior parte das vezes os estilos não são exclusivamente internos ou externos... mas sim compromissos das duas qualidades. Quando denominamos uma escola por externa ou interna referimo-nos assim à preponderância qualitativa desses factores. Estilos há entretanto em que não é muito fácil qualificá-los quanto à tensão-descontracção, à dureza-flexibilidade, respiração forte ou natural, requerendo tal desiderato uma explicação mais detalhada.
Cada praticante escolherá a sua via, o seu modo de se sentir harmonizado com o todo e sobretudo consigo mesmo. Para isso talvez seja conveniente experimentar várias escolas e manter uma mente aberta.