A Sensei Ômoto disse-me recentemente que lhe parece que a arte do chá não tem saída em Portugal. Daí que esteja a pensar em se deslocar mais para Norte. Essa sua decisão entristeceu-me, obviamente, sobretudo tendo em conta o facto do nosso país ter sido pioneiro, nomeadamente através de De Moraes, na introdução do chá.
Cha, na China... (t)cha no Japão... chá em Portugal... e só depois a própria palavra se foi deturpando, sobretudo com os ingleses, que ainda não aprenderam (e não querem) a dizê-la correctamente... e muito menos a sorver a retemperante bebida, a que atribuiram uma conotação quase inversa à que o mestríssimo Sen-no-Rikyu apontou.
Portugal teve oportunidades diversas, como a de Wenceslaw, para aprimorar o culto da arte, e é de estranhar que uma Sensei japonesa se sinta tão desanimada perante a evolução da prática neste país.
Curiosamente, eu tenho bons exemplos de aderência à prática do Sadô, através da execução da Cerimónia do Chá (Cha-no-Yu), embora, no meu caso, tal tenha sido feito com um carácter inteiramente gratuito, isto é, nunca levei dinheiro a quem ofereço o chá. Um mestre japonês não se pode dar ao luxo de vir para Portugal ensinar uma arte de graça... e parece-me ser aí que a porca torce o rabo...